Brazilian Journal of Pain
https://brjp.org.br/article/doi/10.5935/2595-0118.20180002
Brazilian Journal of Pain
Editorial

The challenge of measuring pain

Os desafios de mensurar a dor

Renato Leonardo de Freitas; José Aparecido da Silva

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Pain is an experience described in terms of sensorial, motivational, and cognitive characteristics and, many times, with emotional sequelae. That is why the use of many pain measurements, such as the multidimensional scales and questionnaires, result, partially, from the recognition and evaluation of its different components and dimensions. However, in the past, a myriad of studies on the subject and its analgesia have considered pain as a unitary dimension, varying only in intensity. But, as the results of experimental studies can depend on different dimensions of the symptom at the moment of the evaluation, pain can be felt in a peculiar way by each patient. Using a simple measurement of the pain sensation can introduce significant variability in the mechanisms and in the effective pain treatment.

What do patients understand when describing the magnitude of the pain they are feeling? Do they refer to the sensorial intensity, to the presence of specific sensorial qualities, or to their suffering, anxiety, anguish? Would the pain records be usually associated with one of these dimensions, or do their meaning vary among individuals? If the study of the pain sensation needs to have a scientific basis, it is essential to measure it. For example, in case there is the need to know the efficacy of different analgesic drugs, we need numbers, comparable objective data, so, over time, we can say if the pain has somehow decreased. Besides the importance of knowing if a drug has reduced the intensity of pain, it is also important to know if the drug has especially reduced the quality of the discomfort as the burning pain, or if the feelings of discomfort and displeasure, associated with pain, have disappeared in some way. However, the parameters that describe the quality of pain are not always universal, but subjective, idiosyncratic, because they depend on the cultural repertoires and individual patterns.

Now, usually, the assessment of clinical pain is based on the oral reports or on the descriptors commonly used by the patients to describe the pain they are experiencing at that moment. One of the problems is related to the extent that these commonly used oral descriptors share the same meaning in the main dimensions of pain because one pain descriptor can have more than one meaning. This led, for example, to the development of the McGill pain assessment questionnaire as an instrument to assess the sensorial, emotional, and evaluative qualities of pain, together with several other aspects, such as intensity, pattern, and location. This questionnaire has been translated and standardized for different cultures, races, and gender, due to the huge variability in the meaning of the different pain descriptors used by the patients to describe both acute and chronic clinical pain. However, the idiosyncratic variability of the meanings attributed to pain cannot and should not be regarded as an impeditive to the development of methods that allow to investigate it objectively. Currently, it is known that both the relief and cure, the feeling of being relieved/cured are completely different concepts that need to be observed, so the treatment of the patient with pain reaches its full objectives.

In fact, apparently, we all agree that pain is a subjective, personal and multidimensional experience that involves psychological, behavioral, emotional, cognitive and sensorial dimensions. Since it is a multifaceted phenomenon, pain is also affected by past experience and culture. Thus, measure the intensity of pain is of utmost importance for the researchers and physicians because its measurement is essential to evaluate the methods of control. Pain assessment/measurement is a fundamental prerequisite for effective treatment and management. Since pain is a genuinely subjective experience, only those that feel it can determine its severity and the adequate relief. In other words, only the patient's perspective is the correct. Therefore, its self-assessments are most precise and trustworthy. As a consequence, it is reasonable to ask if such phenomenon can be assessed or measured. Since pain is a subjective experience, it is only possible to assess or measure it by means of the several responses or reactions manifested by those that experience it.

However, which aspect of pain must be primarily considered, assessed or measured? Its intensity or its varied hedonic components? To this end, it is essential to define or to clarify the meaning of the assessment and measurement terms in the context of pain.

Resumo

A dor é uma experiência descrita em termos de características sensoriais, motivacionais, cognitivas e, muitas vezes, com sequelas emocionais. Motivo pelo qual a utilidade de muitas mensurações da dor, tais como, as escalas e os questionários multidimensionais, resultam, parcialmente, do reconhecimento e avaliação de seus diferentes componentes e dimensões. Todavia, no passado, inúmeros estudos sobre o tema e sua analgesia consideraram a dor uma dimensão unitária, variando apenas em intensidade. Mas, como resultados dos trabalhos experimentais podem depender de diferentes dimensões do sintoma no momento da avaliação, a dor pode ser sentida de maneira peculiar em cada paciente. O fato de usar de uma simples mensuração da sensação dolorosa pode introduzir significativa variabilidade nos mecanismos e no tratamento eficiente da dor1.

O que os pacientes entendem quando descrevem a magnitude da dor que estão sentindo? Referem-se à intensidade sensorial, à presença de qualidades sensoriais específicas, ou ao seu sofrimento, ansiedade, angústia? Seriam os registros de dor usualmente associados a uma dessas dimensões, ou os seus significados variam entre indivíduos? Se o estudo da sensação da dor precisa ter uma fundamentação científica, é essencial mensurá-la. Por exemplo, caso necessite conhecer a eficácia de diferentes fármacos analgésicos, precisa-se de números, dados objetivos comparáveis, para, ao longo do tempo, se dizer que a dor diminuiu de alguma forma. Além da importância de conhecer se um fármaco reduziu a intensidade da dor, também é importante conhecer se o fármaco especialmente diminuiu a qualidade do desconforto como a queimação da dor, ou se os sentimentos de desconforto e desprazer, associados com a dor, sumiram de alguma forma. No entanto, os parâmetros que descrevem a qualidade da dor nem sempre são universais e sim subjetivos, idiossincrásicos, pois são dependentes de repertórios culturais e padrões individuais.

Ora, a avaliação da dor clínica é, usualmente, baseada nos registros verbais ou nos descritores comumente usados pelos pacientes para descreverem a dor que estão vivenciando naquele momento. Um problema relaciona-se ao grau em que esses descritores verbais, comumente utilizados, compartilham os mesmos significados entre as principais dimensões da dor. Isso porque um dado descritor de dor pode ter mais do que um significado. Isso levou, por exemplo, ao desenvolvimento do questionário de avaliação de dor McGill como um instrumento para avaliar as qualidades sensoriais, afetivas e avaliativas da dor, juntamente com vários outros aspectos, tais como intensidade, padrão e localização. Esse questionário tem sido traduzido e padronizado para diferentes culturas, raças e sexos, haja vista a grande variabilidade no significado dos diferentes descritores de dor usados pelos pacientes para descrever tanto a dor clínica aguda quanto a crônica. No entanto, a variabilidade idiossincrásica dos significados atribuídos à dor não pode, e nem deve ser tida como impeditivo para que se desenvolvam métodos que permitam investigá-la objetivamente. Atualmente sabe-se que tanto o alivio ou a cura, como o sentir-se aliviado/curado e o sentimento de cura são conceitos completamente diferentes e que necessitam ser observados para que o tratamento do paciente com dor atinja seus objetivos plenos2.

De fato, aparentemente, todos concordam que a dor constitui uma experiência subjetiva, pessoal e multidimensional que envolve dimensões psicológicas, comportamentais, afetivas, cognitivas e sensoriais. Por ser um fenômeno multifacetado, a dor é também afetada pela experiência passada e pela cultura. Assim, mensurar a intensidade da dor é de suma importância para os pesquisadores e para os clínicos, pois a sua mensuração é essencial para a avaliação dos métodos que a controlam. A avaliação/mensuração da dor é um pré-requisito fundamental para o seu tratamento e manipulação eficazes. Visto que a dor é uma experiência genuinamente subjetiva, apenas aqueles que a sentem podem determinar sua severidade e também a adequação de seu alívio. Em outras palavras, apenas a perspectiva do paciente é a correta e, portanto, suas autoavaliações são as mais acuradas e as mais confiáveis. Por consequência, é razoável questionar como tal fenômeno pode ser avaliado ou mensurado. Pelo fato da dor ser uma experiência subjetiva é possível somente avaliá-la ou mensurá-la por meio das variadas respostas ou reações manifestadas pelas pessoas que a vivenciam3.

Entretanto, qual aspecto da dor deve ser primariamente considerado, avaliado ou mensurado? Sua intensidade ou os seus variados componentes hedônicos? Para isso, torna-se essencial definir ou esclarecer o que significam os termos avaliação e mensuração no contexto da dor.

References

Da Silva JA, Ribeiro-Filho NP. Avaliação e mensuração da dor: pesquisa, teoria e prática. Ribeirão Preto: FUNPEC Editora; 2006.

Da Silva JA, Ribeiro-Filho NP, Matsuhima EH. Mensurando o quinto sinal vital: a dor. Ribeirão Preto: FUNPEC-Editora; 2010. 144p.

Da Silva JA, Ribeiro-Filho NP. Avaliação e mensuração de dor clínica. Ribeirão Preto: Livreto educativo, FUNPEC Editora; 2014.

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