Brazilian Journal of Pain
https://brjp.org.br/article/doi/10.5935/2595-0118.20190001
Brazilian Journal of Pain
Editorial

Education in pain

Educação em dor

Manoel Jacobsen Teixeira; Lin Tchia Yeng

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The biomedical literature grows exponentially, and knowledge about molecular biology and immunology is expanding more rapidly. Early diagnoses, the use of effective and safe therapies with favorable results are current requirements. This means that the advances in areas related to symptoms control and clinical decisions should be incorporated into the new modes of knowledge transmission and care of patients with pain. The improvement of health education programs does not occur at the same speed in which knowledge multiplies. Many schools include descriptive themes in their curricula rather than analytical subjects and critical and logical thoughts. However, since the publication of the model of medical graduation based on the Flexner report of 1912, the teaching of health sciences has incorporated biocentric and technocentric visions. We started to study the human body by parts. The diseases are now considered biological, cellular and molecular malfunctioning. Medical schools were organized to train students in diseases, to be specialists working in hospitals but not trained to care patients and, consequently, physicians were stimulated and trained to perform physical or chemical interventions to normalize the functioning of the body with an insufficient notion of the individual as a whole and in the society.

Some medical and paramedical concepts and practices are kept alive and widely disseminated and performed because they are truly useful, safe and effective. However, many are still used and will remain indefinitely, even without any evidence, substrates or grounds justifying their applicability because they sustain, adapt and surreptitiously propagate themselves based on poorly elaborated concepts about their realities. This means that the awareness, dissemination and strategic use of good quality information can make a significant contribution so that, in future, the procedures that aim at the prevention and control of pain are used in a rational way and without the biases of traditions and interests other than the benefit of those who suffer from pain. The meaning of medicine in the society and the relationship between health professionals, health policymakers and patients undergo constant change. The content and dissemination of medical curricula also evolve to ensure consistent delivery of high-quality medical services. Therefore, having the curriculum as an institutional educational proposal with the objective of informing, executing and evaluating educational programs with an ordered sequence of contents, and making appropriate use of the media to make public the scientific achievements and the rational application of health policies can contribute to revert this trend, both for the general population and for the professionals involved in the planning, prevention and treatment of pain. We see progress in the areas of education, training, accreditation of professionals and care services in parallel with advances in pharmacology, rehabilitation, psychotherapy, and interventional pain procedures. Practitioners working in environments designated for primary care currently have the opportunity to receive good quality training on more common issues related to pain in undergraduate courses and symposiums organized by official and associative entities, without the influence of entities concerned only with profit. The creation of the Pain Leagues, the incorporation of the theme of pain in the undergraduate and graduate medical and paramedical curricula and in the university extension courses, the organization of internship programs in pain in the areas of medicine, dentistry, veterinary and psychology, fulfilled, in part, the needs of technical pain training with comprehensive information, provided that interventions are not the predominant or exclusive focus. Professionals dedicated to the treatment of pain working in clinics, isolated units, clinics or specialized centers should more significantly incorporate mental health, rehabilitation and education programs in the treatment, especially of chronic wild pain. For specialized professionals, simulation techniques have been developed to improve the skills to perform invasive or non-invasive procedures and, at the same time, better-founded guidelines have been developed for the application of prophylactic methods, drugs and invasive or non-invasive interventions in patients with pain.

There is an increasing number of studies on health education and controlled research with random samples on prevention, effectiveness of new drugs and therapeutic models, combinations of treatments with other interventions, the connection of therapeutic models with the mechanisms of pain responsible for different pain syndromes, identification of predictors of therapeutic responses, adequacy of treatments or characteristics of treatments to the individual characteristics of patients, and long-term maintenance of the positive responses to treatment of appropriately selected patients.

Resumo

A literatura biomédica cresce exponencialmente e os conhecimentos sobre a biologia molecular e imunologia expandem-se mais rapidamente. São exigências atuais os diagnósticos precoces, a aplicação de terapias eficazes e seguras com resultados favoráveis. Isso significa que os progressos nas áreas relacionadas ao controle dos sintomas e nas decisões clínicas devem ser incorporados aos novos modos de transmissão do conhecimento e dos cuidados aos pacientes com dor. A melhora dos programas educacionais nas áreas da saúde não ocorre com a mesma velocidade com que o conhecimento se multiplica. Muitas escolas incluem em seus currículos matérias descritivas em detrimento dos temas analíticos e pensamentos críticos e lógicos. Entretanto, desde a divulgação do modelo da graduação em medicina baseada no relatório Flexner de 1912, o ensino das ciências da saúde incorporou as visões biocêntricas e tecnocêntricas. O corpo humano passou a ser estudado por partes, as doenças passaram a ser consideradas mal funcionamento biológico, celular e molecular, as escolas médicas foram organizadas para formar estudiosos em doenças, especialistas atuando em hospitais e não capacitar para cuidar de doentes e, consequentemente, os médicos foram estimulados e treinados a executar intervenções físicas ou químicas para normalizar o funcionamento do corpo com insuficiente noção do indivíduo como um todo e na sociedade.

Alguns conceitos e práticas médicas e paramédicas mantém-se vivas e amplamente divulgadas e exercitadas porque são verdadeiramente úteis, seguras e eficazes. Entretanto, muitas ainda são utilizadas e assim manter-se-ão indefinidamente, mesmo sem haver evidências, substratos ou fundamentos que justifiquem sua aplicabilidade porque sustentam-se, adaptam-se e propagam-se sub-repticiamente com base em conceitos mal elaborados sobre suas realidades. Isso significa que a conscientização, a divulgação e o uso estratégico das informações de boa qualidade podem contribuir de modo marcante para que, no futuro, os procedimentos que visam à prevenção e ao controle da dor sejam utilizados de modo racional e sem os vieses de tradições e de interesses outros que não o benefício daqueles que dela padecem. O significado da medicina na sociedade e a relação entre profissionais da saúde, políticos de saúde e pacientes sofrem mudanças constantes. O conteúdo e a divulgação dos currículos médicos também evoluem para garantir a prestação consistente de serviços médicos de alta qualidade. Portanto, tendo o currículo como proposta educacional institucional com o propósito de fundamentação, execução e avaliação de programas educacionais com sequência ordenada de conteúdos e fazendo uso apropriado das mídias para tornar pública as conquistas científicas e a aplicação racional das políticas de saúde podem contribuir para reverter essa tendência, tanto para a população em geral como para os profissionais dedicados ao planejamento, à prevenção e ao tratamento da dor. Ocorrem progressos nas áreas de educação, formação, acreditação dos profissionais e de serviços assistenciais paralelamente aos avanços nas áreas de farmacologia, reabilitação, psicoterapia e de procedimentos intervencionistas em dor. Os profissionais que atuam em ambientes designados para prestar atenção primária têm atualmente a oportunidade de receber treinamento de boa qualidade sobre questões mais comuns relacionadas à dor nos cursos de graduação e nos simpósios organizados por entidades oficiais e associativas, sem a influência de entidades preocupadas apenas com o lucro. A criação das Ligas de Dor, a incorporação do tema dor nos currículos médicos e paramédicos de graduação e de aperfeiçoamento e de extensão universitária, a organização dos programas de residência em dor nas áreas de medicina, odontologia, medicina veterinária e psicologia supriu, em parte, as necessidades da formação técnica em dor com informações abrangentes desde que não tenham as intervenções como foco predominante ou exclusivo. Os profissionais dedicados ao tratamento da dor atuando em consultórios, unidades isoladas, clínicas ou centros especializados deverão incorporar de modo mais expressivo os programas de saúde mental, de reabilitação e de educação no tratamento, especialmente da dor crônica rebelde. Para os profissionais especializados, foram desenvolvidas técnicas de simulação para aprimorar as habilidades para a execução de procedimentos invasivos ou não e, simultaneamente são elaboradas diretrizes melhor fundamentadas sobre a aplicação de métodos profiláticos, fármacos e intervenções invasivas ou não destinadas aos pacientes com dor.

Há um número crescente de estudos sobre educação em saúde e de pesquisas controladas e com amostras aleatórias sobre prevenção, efetividade de novos fármacos e de modelos terapêuticos, combinações de tratamentos com outras intervenções, sobre os vínculos de modelos terapêuticos com os mecanismos de dor responsáveis por diferentes síndromes álgicas, identificação de preditores das respostas terapêuticas, sobre a adequação de tratamentos ou das características dos tratamentos às características individuais dos pacientes e sobre a manutenção, em longo prazo, das respostas positivas dos tratamentos de pacientes adequadamente selecionados.

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