Brazilian Journal of Pain
https://brjp.org.br/article/doi/10.5935/2595-0118.20190018
Brazilian Journal of Pain
Editorial

The adequate use of opioids and the position of the Latin American Federation of Associations for the Study of Pain

Uso adequado de opioide e a posição da Federação Latino Americana de Associações para o Estudo da Dor

Durval Campos Kraychete; João Batista Santos Garcia

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The adequate consumption of opioids in developing countries is still a significant challenge as it can bring about the reflection on the issues involving the correct treatment of acute and chronic pain. The literature is classic in reporting that physicians find it difficult to prescribe opioids, and the patient to accept therapy, for fear of adverse effects or addiction. On the other hand, opioids, a gold standard in the treatment of cancer pain and other types of moderate or severe pain, have insufficient availability and access to the patient, either because of the cost or the health surveillance public policy. The poor education on the subject of pain in undergraduate and postgraduate courses in medical schools, the restrictive government policies for the purchase and distribution of opioids, the need for registration to acquire specific prescriptions, fear of addiction, and the use of opioids for illicit purposes, as well as cultural attitudes towards pain contribute to what the scientific community calls opiophobia. This refers to the opioid crisis that developed countries face. Paradoxically, this crisis deals precisely with the consequences of prolonged and indiscriminate use of opioids in developed countries, since there has been an increase in the number of reports of death and addiction related to these drugs. In Latin America, however, the incidence of abuse is around 1%. In fact, in our region, cocaine and marijuana are the substances that lead to problems of abuse. In this way, we are facing a new paradigm, where the look and the critical reading of the opiophobia must be differentiated and related to the global geographic and economic context. It suffices to say that the daily average dose of opioids consumption for statistical purposes is 150 (S-DDD). This dose is below the recommended by the literature, reflecting how much we have to improve to achieve optimal pain treatment. Also, the global consumption of opioids is higher in developed countries, and 75% of the world population in underdeveloped or developing countries do not receive any painkillers proportionally to the intensity of pain. Therefore, the Latin American Federation of Associations for the Study of Pain (FEDELAT), in its current management, gathered in São Paulo opinion leaders and representatives from several Latin American countries to publish a position on the measures necessary to reverse this situation and the impact of opiophobia in developing countries. This paper to be published in the Pain Reports (already accepted for publication and in press) addresses the necessary measures to correct this problem, which include: 1) continuous education - promoting the training of professionals on the safe use of opioids, based on protocols and scientific evidence. The training can be with meetings with experts and educational materials on the institutional web platforms; 2) public policies -creating awareness among the leaders about the need to develop specific programs for the treatment of pain and national scientific recommendations for the use of opioids, facilitating the access and the prescription of these drugs correctly; 3) creation of an electronic prescription - allowing the registration of the opioid prescription, the patient's disease, the dose, the duration of the prescription, the pharmacy that provided the medicine and the monitoring of risks; 4) statistics -promoting the registration of hospital and outpatient use and distribution of opioids; 5) multidisciplinary care - encouraging the creation of clinics involving other health professionals who ensure the assessment, diagnosis, treatment and the appropriate follow-up of cancer or non-cancer patients; 6) jointly work of organizations - involving national and international institutions to promote joint actions that include continuous education, publication of recommendations and incentives to clinical and experimental research around the theme of opioids; 7) conflict of interest - avoiding the undue influence of entities that have profit in the engagement and bid of opioids to establish the most ethic relationship possible with the prescribers.

Therefore, we can conclude that we must contribute unconditionally for the legitimation of the proper treatment of pain in Brazil and the correct prescription of opioids, monitoring and treating the adverse effects, stratifying the risks and fighting the opiophobia, offering, with sympathy, the relief of pain to the suffering patient.

Resumo

O consumo adequado de opioides em países em desenvolvimento ainda é um grande desafio pois pode trazer a reflexão sobre as questões que envolvem o tratamento correto das dores aguda e crônica. A literatura é clássica em relatar que os médicos têm dificuldade em prescrever opioides e o paciente de aceitar a terapia pelo medo dos efeitos adversos ou vício. Por outro lado, os opioides, padrão-ouro no tratamento da dor oncológica e em outros tipos de dor de moderada ou intensa, apresentam disponibilidade e acesso ainda insuficientes para o paciente, seja pelo custo ou pela política pública da vigilância sanitária. A escassa educação sobre o tema dor na graduação e na pós-graduação das escolas médicas, as políticas governamentais restritivas para a compra e distribuição de opioides, a necessidade de registro para adquirir receitas específicas para a prescrição, o medo de adicção e do emprego de opioides para fins ilícitos, além das atitudes culturais frente à dor, contribuem para o que a comunidade científica nomeia de opiofobia. Isso remete à crise de opioides que os países desenvolvidos enfrentam. Paradoxalmente, essa crise trata exatamente das consequências do emprego prolongado e indiscriminado de opioides em países desenvolvidos, visto que houve aumento no número de relatos de morte e vício relacionado a esses fármacos. Na América Latina, no entanto, a incidência de abuso está em torno de 1%. Na realidade, na nossa região, a cocaína e a maconha são as substâncias que lideram os problemas de abuso. Dessa maneira, estamos diante de um novo paradigma, onde o olhar e a leitura crítica da opiofobia deve ser diferenciada e relacionada ao contexto geográfico e econômico global. Basta realçar que a dose média diária de consumo opioides para fins estatísticos é de 150 Daily doses for statistical purposes (S-DDD). Essa dose é abaixo da recomendada pela literatura, refletindo o quanto temos que melhorar para alcançarmos um tratamento otimizado da dor. Também, o consumo global de opioides é maior nos países desenvolvidos, sendo que 75% da população mundial, em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, não recebem analgésicos de maneira proporcional à intensidade da dor. Por essa razão, a Federação Latino Americana de Associações para o Estudo da Dor (FEDELAT), na gestão atual, reuniu em São Paulo líderes de opinião e representantes de vários países da América Latina para publicar um posicionamento sobre as medidas necessárias para reverter essa situação e o impacto da opiofobia nos países em desenvolvimento. Esse paper a ser publicado na Pain Reports (já aceito para publicação e in press) trata das medidas necessárias para corrigir esse problema, que incluem: 1) educação continuada - promovendo a capacitação de profissionais para que utilizem opioides de maneira segura, baseado em protocolos e na evidência científica. A capacitação poderá acontecer através de encontros com especialistas e material educativo nas plataformas web institucionais; 2) políticas públicas - sensibilizando os dirigentes para a necessidade de criar programas específicos para o tratamento da dor e recomendações científicas nacionais para o emprego de opioides, facilitando o acesso e a prescrição desses fármacos da maneira correta; 3) criação de receita eletrônica - permitindo o registro da prescrição de opioides, da doença do paciente, da dose, da duração da receita, da farmácia que disponibilizou o medicamento e do monitoramento de riscos; 4) estatística - promovendo registros do uso hospitalar e ambulatorial do consumo e distribuição de opioides; 5) atendimento multidisciplinar - incentivando a criação de clínicas que envolvam outros profissionais de saúde que assegure a avaliação, o diagnóstico, tratamento e o seguimento adequado de pacientes oncológicos e não oncológicos; 6) trabalho conjunto de organizações - envolvendo as instituições nacionais e internacionais para a promoção de ações conjuntas que incluem educação continuada, publicação de recomendações e incentivo a pesquisas clínicas e experimentais em torno do tema opioides; 7) Conflito de interesses - evitando a influência indevida de entidades que tenham fins de lucro na contratação e licitação de opioides, mantendo uma relação o mais ética possível com os prescritores.

Dessa forma, podemos concluir que devemos contribuir de maneira incondicional para a legitimação do tratamento adequado da dor no Brasil e da prescrição correta de opioides, monitorando e tratando efeitos adversos, estratificando riscos e combatendo a opiofobia, oferecendo o alívio da dor ao sujeito que sofre com compaixão.

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