Brazilian Journal of Pain
https://brjp.org.br/article/doi/10.5935/2595-0118.20190056
Brazilian Journal of Pain
Editorial

Some reflections on Pain and Suffering

Algumas reflexões sobre a Dor e o Sofrimento

Durval Campos Kraychete

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Over 30 years working with the Pain Management Clinic, and after almost four years as Editor-in-Chief of a scientific journal that has been gradually improving its technical quality, I wonder how pain, as a physical symptom, changes the course of the subject’s history. Surely the patient suffers. I emphasize that pain and suffering are words that translate distinct meanings and are surrounded by an ocean of meanings. Existential suffering from what a person is, ends up creating physical pain. And physical pain causes suffering. I remember one patient I cared for earlier in my career who had her legs and two fingers amputated and lost her memory, financial status, social position, and body image. Undoubtedly, there was physical pain throughout the amputation process, and the suffering was of the order of my imagination. There is pain when there is empathy. Fortunately, the patient did not evolve with phantom limb pain, either on the amputation stump, which could have had more dramatic consequences. All of this after a gastrointestinal infection, followed by septicemia and systemic vasculitis. The impact of this incident, however, at the peripheral and central neuronal level, is still a major challenge for researchers. After all, any mnemic record that causes pain, suffering, and changes the natural course of the subject’s history is still hermetically treated in psychotherapy offices, and after, on average eight years comes to the care of a specialized physician. Contemporary ephemerality, the reason for so many absences, including that of love and compassion for others, besides the desperate search for a position of strong social representation, move the patient away from the caregiver and health professional. Perhaps, the consequences over time of the recording in the nervous system of pain and suffering in newborns and premature infants, currently reported in publications as anxiety, abdominal pain, reduction in intelligence coefficient score, among others, alert health professionals about the importance of avoiding pain and suffering at any level. I emphasize that this binomial does not make a person better but worse. The burdens and aggression imposed by the modern world interfere with the course of the subject’s history, depending on individual genetics, environment, social, economic, and psychic history, and are modulated by their ability to cope. So that patient-centered pain education programs have clearly aided treatment adherence and outcome. I conclude this reflection by emphasizing that caring for the body, soul, and spirit is fundamental to the correct flow of a full life: - without pain and suffering. Life is to be happy.

Resumo

Ao longo de 30 anos trabalhando com Clínica de Tratamento da Dor, e após quase 4 anos como Editor Chefe de uma revista científica que vem melhorando gradativamente sua qualidade técnica, faço um questionamento de que posição a dor, enquanto sintoma físico, modifica o curso da história do sujeito. Seguramente, o paciente sofre. Enfatizo que dor e sofrimento são palavras que traduzem significados distintos e estão rodeadas por um mar de significados. O sofrimento existencial pelo que se é, acaba gerando dor física. E a dor física provoca sofrimento. Recordo de uma pessoa que atendi no início de minha carreira, que amputou as pernas, dois dedos da mão e perdeu a memória, a situação financeira, a posição social e a imagem corporal. Sem dúvida, houve dor física durante todo o processo da amputação e o sofrimento foi da ordem do meu imaginário. Há dor quando há empatia. Felizmente, a paciente não evoluiu com dor de membro fantasma e tampouco no coto de amputação, fato que poderia ter consequências mais estrondosas. Isso tudo após uma infecção gastrointestinal, seguida de septicemia e vasculite sistêmica. O impacto desse incidente, entretanto, a nível neuronal periférico e central, ainda é um grande desafio para os pesquisadores. Afinal, qualquer registro mnêmico que cause dor, sofrimento e modifique o curso natural da história do sujeito, ainda é tratado hermeticamente nos consultórios de psicoterapia, e após uma média de 8 anos chega aos cuidados de um médico especializado. A liquidez contemporânea, motivo de tantas faltas, incluindo a de amor e a de compaixão ao próximo, além da busca desesperada por uma posição de representação social de peso, no entanto, afasta o paciente do cuidador e do profissional de saúde. Talvez, as consequências ao longo do tempo do registro no sistema nervoso da dor e do sofrimento em recém-nascidos e prematuros, relatados atualmente nas publicações como ansiedade, dor abdominal, redução do escore para coeficiente de inteligência, entre outras, alerte os profissionais de saúde sobre a importância de evitarmos a dor e o sofrimento em qualquer nível. Saliento que esse binômio não torna uma pessoa melhor, e sim pior. As cargas e agressões impostas pelo mundo moderno interferem no curso da história do sujeito, dependendo da genética individual, do ambiente, da história social, econômica e psíquica, e é modulada pela sua capacidade de enfretamento. Tanto que os programas educacionais em dor centrados no paciente têm ajudado claramente na aderência e no resultado do tratamento. Concluo essa reflexão enfatizando que o cuidado com o corpo, com a alma e com o espírito é fundamental para o fluxo correto de uma vida plena: - sem dor e sem sofrimento. A vida é para ser feliz.

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