Spirituality, suffering and pain
Espiritualidade, sofrimento e dor
Georgia Kleinschmitt Westenhofen, Mario Fernando Prieto Peres
Spirituality and health is a topic in the frontier of scientific research and studies with increasing relevance and volume have been published. In this current issue, Moreira, Santana and Posso analyze in a literature review the clinical studies that evaluated the spirituality-based interventions for pain reduction used in nursing. Congratulations to the Brazilian Journal of Pain for accepting an article in this area and especially for highlighting it in an editorial.
In the article, the authors navigate through the difficult issue of defining spirituality and religiosity, a matter still under debate in the scientific field, and one that needs further understanding. After selection based on the established criteria, 10 articles were included in this review. Numerous clinical situations such as childbirth, burns, chronic renal failure, vascular diseases, and cancer were studied. Several interventions were performed, but despite the heterogeneity, all treatments focused on spiritual care through specific programs or prayer therapy. All resulted in positive outcomes in reduction of pain and related anxiety, as well as improving vital parameters.
This review has a relevant role in guiding future practices, as it gathers evidence that supports spirituality as a tool to reduce pain-related suffering, and it’s a starting point for a scientific approach towards the topic, so that further research can be conducted, addressing more clinical scenarios, more interventions and comparisons with treatments already established in the guidelines.
Are pain and suffering inseparable? To dissociate pain from suffering is as difficult as to give context to both. Viktor Frankl highlights the importance to give meaning to suffering, and religiosity and spirituality can provide that. The same author points out that suffering is not at all necessary to find meaning. Meaning simply exists, it only needs to be found. Thus, we should look at the opportunity of positive religious coping and its targeted interventions presented but should not miss the other end: negative religious coping, which tends not to appear in studies and may generate worse outcomes.
Let more studies be conducted in this very challenging area that is spirituality and health, through rigorous practices and hypotheses evidenced in previous studies and reviews such as the one discussed here, establishing previous works as guidelines for future research.
Resumo
Espiritualidade e saúde é um tema de fronteira na ciência, pesquisas com cada vez maior relevância e crescente volume vem sendo publicadas. Nesta edição da revista, Moreira, Santana e Posso analisam em uma revisão da literatura os estudos clínicos que avaliaram as intervenções baseadas na espiritualidade utilizadas na enfermagem para a redução da dor. A revista Brazilian Journal of Pain merece aplausos por aceitar um artigo nesta área e principalmente por destacá-lo em um editorial.
No artigo, os autores navegam pela difícil questão de definição da espiritualidade e religiosidade, ponto ainda em debate no meio científico, e que necessita maior entendimento. Após a seleção baseada nos critérios estabelecidos, foram incluídos 10 artigos nesta revisão. Foram estudadas uma diversidade de situações clínicas como parto, queimaduras, insuficiência renal crônica, doenças vasculares e câncer. Várias foram as intervenções realizadas, porém, apesar da heterogeneidade, os tratamentos focaram no cuidado espiritual através de programas específicos ou terapêuticas por meio de orações. Todos eles resultaram em resultados positivos na redução da dor e ansiedade relacionada, assim como melhora de parâmetros vitais.
Esta revisão tem papel relevante para nortear as futuras práticas, reúne evidências que suportam a espiritualidade como ferramenta para redução do sofrimento relacionado a dor e é um ponto de partida para que um olhar científico seja direcionado ao tema, para que mais pesquisas sejam realizadas, abordando mais cenários clínicos, mais intervenções e comparações com tratamentos já estabelecidos em diretrizes.
Dor e sofrimento são indissociáveis? Tanto é difícil dissociar dor de sofrimento, quanto dar um contexto a ambos. Viktor Frankl ressalta a importância de dar um significado ao sofrimento, e é na religiosidade e espiritualidade que isto pode ser possível. O mesmo autor pontua que o sofrimento não é de modo algum necessário para encontrar sentido. O sentido simplesmente existe, apenas é necessário encontrá-lo. Então devemos olhar para a oportunidade do coping religioso positivo e suas intervenções direcionadas expostas, mas não percamos a outra ponta, o coping religioso negativo, que tende a não aparecer nos estudos e que pode gerar piores desfechos.
Que mais estudos sejam realizados nesta área tão desafiadora que é a espiritualidade e saúde, através de práticas rigorosas e hipóteses já evidenciadas em estudos e revisões como a discutida aqui, considerando assim os trabalhos anteriores como orientadores para as futuras pesquisas.