Cannabinoid therapy within the Unified Health System, perspectives in relation to pain treatment
A terapia com canabinoides e perspectivas em relação ao tratamento da dor no Sistema Único de Saúde
Hygor Kleber Cabral Silva; Rafaela Fernandes Lourenco
Abstract
BACKGROUND AND OBJECTIVES: Pain is “an unpleasant sensory and emotional experience associated with, or resembling that associated with, actual or potential tissue damage”, which, in excess of its protective function beyond three months is considered chronic pain, which in the long term can have its own clinical course. Given the scientific advances on the therapeutic effects of cannabinoids, the article brings a proposal for reflection as the Brazilian public health system (SUS – Sistema Único de Saúde), through medical cannabis, could offer better therapies for the treatment of conditions such as chronic pain.
CONTENTS: A narrative review was elaborated in databases such as Pubmed, Medline and Scielo. Considering the SUS Guidelines, the incorporation and access to medicinal cannabis can be understood as a strategy of social justice and reduction of inequities, because it is effective and safe in the treatment of chronic conditions, besides that the system already has strategies and policies aimed at regulating and distributing herbal medicines. Chronic pain is a prevalent condition, affects more than 2 billion people worldwide, and can be considered a global crisis. In Brazil, its prevalence varies between 23.02% and 76.17%, being higher in the elderly and female individuals. Despite this, in many cases, conventional treatments do not generate the analgesics effects expected, in addition to causing important adverse effects.
CONCLUSION: Cannabis sativa L. has great potential to become one of the best alternatives for chronic pain to be incorporated into herbal access programs around the country, such as in the SUS’ Farmácia Viva project.
Keywords
Resumo
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A dor é “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada ou não a uma lesão tecidual real ou potencial” que ao exceder sua função de proteção, além de três meses, é considerada dor crônica, que à longo prazo pode ter seu próprio curso clínico. Diante dos avanços científicos acerca dos efeitos terapêuticos dos canabinoides, este artigo traz uma proposta de reflexão sobre como o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da medicina canábica, poderia ofertar melhores terapêuticas para o tratamento de condições que cursam com dor crônica.
CONTEÚDO: Foi elaborada uma revisão narrativa em bancos de dados como Pubmed, Medline e Scielo. Considerando as diretrizes do SUS, a incorporação e acesso a cannabis medicinal pode ser entendida como estratégia de justiça social e redução de inequidades, por ser eficaz e segura no tratamento de condições crônicas, além de que o sistema já conta com estratégias e políticas voltadas para regulamentação e distribuição de fitoterápicos. Dor crônica é uma condição prevalente, afeta mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo e pode ser considerada uma crise global. No Brasil, sua prevalência varia entre 23,02% e 76,17%, sendo maior em idosos e em pessoas do sexo feminino. Apesar disso, em muitos casos, os tratamentos convencionais não geram os efeitos analgésicos esperados, além de causarem efeitos adversos importantes.
CONCLUSÃO: A Cannabis sativa L. tem um grande potencial de se tornar uma das melhores alternativas para dor crônica a ser incorporada nos programas de acesso a fitoterápicos no país, como no programa Farmácia Viva, do SUS.
Palavras-chave
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Submitted date:
06/20/2022
Accepted date:
01/30/2023