Brazilian Journal of Pain
https://brjp.org.br/article/doi/10.5935/2595-0118.20240022-en
Brazilian Journal of Pain
Original Article

Tracking and considerations on the therapeutic management of neuropathic pain in adult patients with sickle cell disease

Rastreamento e considerações sobre a conduta terapêutica na dor neuropática em pacientes adultos com doença falciforme

Lais Costa Akcelrud Durão; Adriana do Carmo de Souza; Emanuele Pesenti; Maria Beatriz Campos; Daniel Benzecry Almeida

Downloads: 0
Views: 9

Abstract

ABSTRACT: BACKGROUND AND OBJECTIVES: Sickle cell disease is considered the most common hereditary disorder in Brazil. The chronic pain resulting from some complications of sickle cell disease is still poorly understood, inadequately described, and under-researched. This study aimed to characterize chronic pain in individuals with sickle cell disease, evaluate its treatment, and discuss the importance of studying it as a distinct pathology.

METHODS: A cross-sectional study based on comparative analysis between two associations of sickle cell disease patients, one in Brazil and the other in France. The Pain Detect Questionnaire was used to assess neuropathic pain, and Odds Ratio was used to evaluate the strength of the association between opioid use and the recurrence of chronic painful crises.

RESULTS: In Brazil, the Pain Detect questionnaire revealed that 55% of patients had a probable neuropathic component, 23% negative, and 22% uncertain. In France, the application resulted in 51% for probable presence, 29% for negative, and 20% for uncertain. All patients reported constant pain. As for the frequent use of opioids, the results were 62% in Brazil and 32% in France. The Odds Ratio calculation results were: OR 15.14 (95% CI = 4.777- 41.4, p < 0.0001) in Brazil; and OR 7.5 (95% CI = 2.121- 25.74, p = 0.0013) in France.

CONCLUSION: While it is commonly believed that pain in sickle cell disease is primarily related to somatic and visceral tissue damage after vaso-occlusive events, this study indicated emerging evidence of neuropathic processes involved. Thus, there should be a significant concern about the management of chronic pain and particularly opioid dependence in Brazil.

Keywords

Chronic pain; Opioid; Sickle cell

Resumo

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:  Dentre as alterações hereditárias, a doença falciforme é considerada a mais comum no Brasil. A dor crônica decorrente de suas complicações ainda é mal compreendida, inadequadamente descrita e pouco pesquisada. O presente estudo teve como finalidade caracterizar a dor crônica em indivíduos com doença falciforme, avaliar o seu tratamento e discutir a importância de seu estudo como uma doença em si.

METODOS:  Estudo transversal, baseado na análise comparativa entre duas associações de indivíduos acometidos pela doença falciforme, com sede no Brasil e na França. Foi aplicado o questionário Pain Detect para avaliação da dor neuropática e a Odds Ratio para avaliar a intensidade de associação entre o uso de opioides e a recorrência de crises álgicas de cunho crônico.

RESULTADOS:  O questionário Pain Detect apontou que no Brasil 55% de pacientes da doença calciforme apresentam componente neuropático provável, 23% negativo e 22% incerto. Na França, os resultaram foram de 51% para componente provável, 29% negativo e 20% incerto. Dos acometidos pela doença, 100% relataram dores constantes, sendo que fizeram uso frequente de opioides 62% no Brasil e 32% na França. O cálculo do Odds Ratio apontou os seguintes resultados: OR 15,14 (IC 95% = 4,777- 41,4, p < 0,0001) no Brasil; e OR 7,5 (IC 95% = 2,121- 25,74, p = 0,0013) na França.

CONCLUSÃO:  Embora haja uma crença de que a dor na doença falciforme seja primariamente relacionada à lesão tecidual a nível somático e visceral após os eventos vasoclusivos, o estudo apontou evidências emergentes de processos neuropáticos envolvidos. Assim, deve haver uma preocupação quanto ao manejo da dor crônica e em especial à dependência química pelos opioides no Brasil.

Palavras-chave

Anemia falciforme; Dor crônica; Opioides

References

1 Governo Federal. Governo Federal reforça necessidade do diagnóstico precoce da Doença Falciforme [internet]. Ministério da Saúde. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/junho/governo-federal-reforca-necessidade-do-diagnostico-precoce-da-doenca-falciforme

2 Teixeira PMS. Hemoglobinopatias: clínica, diagnóstico e terapêutica. Universiade de Coimbra; 2014.

3 Miranda FJ, Matalobos ARL. Prevalência da anemia falciforme em crianças no Brasil. Braz J Health Rev. 2021;4(6):26903-8.

4 Amparo Sobrinho LM. A Experiência da dor pelos pacientes com doença falciforme. Universidade Federal da Bahia; 2012.

5 Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. Linha de cuidados em doença falciforme na atenção básica [internet]. São Paulo.2021]. Disponível em https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/Manual_Anemia_Falciforme3_14_5_2021.pdf.

6 Brasil. Ministério da Saúde. Doença Falciforme: condutas básicas para tratamento. Brasília: Ministério da Saúde. 2012.

7 Smith WR, Scherer M. Sickle-cell pain: advances in epidemiology and etiology. Hematology Am Soc Hematol Educ Program. 2010;2010:409-15.

8 IASP. Guia para o Tratamento da Dor em Contextos de Poucos Recursos. Seatle: IASP; 2010. 401p.

9 Taylor LE, Stotts NA, Humphreys J, Treadwell MJ, Miaskowski C. A review of the literature on the multiple dimensions of chronic pain in adults with sickle cell disease. J Pain Symptom Manage. 2010;40(3):416-35.

10 Gomes BC, Mendonça RMH, Verissimo MPA. O uso de canabinoides no tratamento da dor em pacientes com Doença Falciforme. Int J Health Manag. 2022;8(1).

11 Antunes FD. Detecção de dor neuropática em pacientes com doença falciforme através de questionário de avaliação. Universidade Federal de Sergipe; 2017.

12 Posso IR, Grossmann E, Fonseca PRB et Al. Tratado de Dor: publicação da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. Rio de janeiro: Atheneu, 2017.

13 Posso IP, Palmeira CC, Vieira EB. Epidemiology of neuropathic pain. Rev Dor. 2016;17(1):11-4.

14 Brandow AM, Farley RA, Panepinto JA. Neuropathic pain in patients with sickle cell disease. Pediatr Blood Cancer. 2014;61(3):512-7.

15 France. Haute autorité de santé. Pirse em Charge de la drépanocytose chez lénfant et ládolescent. France: HAS.2005.

16 Morris O, Crowley L, Mailis A. Hiperalgesia Induzida por opioides. Anaesthesia tutorial of week [internet].2020.Disponível em https://www.sbahq.org/wpcontent/uploads/2022/12/Hiperalgesia-Induzida-por-Opioides.pdf.

17 Campbell CM, Moscou-Jackson G, Carroll CP, Kiley K, Haywood C Jr, Lanzkron S, Hand M, Edwards RR, Haythornthwaite JA. An evaluation of central sensitization in patients with sickle cell disease. J Pain. 2016;17(5):617-27.

18 Leal PC, Clivatti J, Garcia JBS, Sakata RK. Hiperalgesia induzida por opioides. Rev Bras Anestesiol. 2010;60(6):639-47.

19 Naoum PC. Interferentes eritrocitários e ambientais na anemia falciforme. 2000;22(1):5-22.

20 Zoheiry N, Alkokani M, Ward R, Mailis A. Characterization of Chronic Pain and Opioid Usage in Adult Sickle Cell Disease Patients Referred to a Comprehensive Pain Clinic. Pain Med. 2016;17(11):2145-46.
 


Submitted date:
10/07/2023

Accepted date:
02/22/2024

678a6265a953954206444ab2 brjp Articles

BrJP

Share this page
Page Sections