Considerations about the new concept of pain
Considerações sobre o novo conceito de dor
Juliana Barcellos de Souza; Carlos Marcelo de Barros
Abstract
Dear Mr. editor,
The definition of pain adopted by the International Association for the Study of Pain (IASP), widely disseminated worldwide for the past 41 years, defined pain as “an unpleasant sensory and emotional experience associated with actual or potential tissue damage, or described in terms of such damage”. When this definition was created, it was sufficient for conceptualizing pain as it was understood then. However, the last decades saw an intense technological development that also brought a better comprehension of the physiopathological conditions and mechanisms involved in nociception. There was also an increase in the humanization of medicine as a whole. Human beings started to be recognized with the empathy and complexity that they deserve and the concept of total pain, along with its multidisciplinary aspects, gained more ground in the medical community.
Nowadays it’s known that pain is not always related to a tissue injury evident in histopathological terms, and that the emotional state of the patient directly influences their perception of the pain. Thus, patients with chronic pain or other problems that affect psychological stability may report more severe pain. In that sense, the medical community started to accept more and more that the perception of pain is extremely individual and highly influenced by external factors. Therefore, the IASP has developed a new concept, capable of embracing everything that has been achieved in terms of technological and clinical advances, for the definition of pain. Thereby, pain is now conceptualized as “an unpleasant sensory and emotional experience associated with, or resembling that associated with, actual or potential tissue damage”.
This update in the concept of pain, publish by the IASP task force in July, 2020, and translated into Portuguese by the Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED - Brazilian Society for the Study of Pain), highlights the presence of pain even in the absence of injury, by the means of an objective and concise formulation validated to several languages and cultures, integrated in one single phrase, benefiting researchers and clinicians through the determination of the concept to be investigated. Although accepted by the majority, several clinicians and some patients manifested their discontent about the update, specially in the social medias. We consider it important to emphasize that the definition of pain proposed by the IASP doesn’t have the ambition to establish diagnosis, conduct a treatment plan or predict a prognosis for patients with pain. The notes that follow the updated pain formulation emphasize the variability of the clinical manifestation of pain, as well as the various components that determine pain, showing respect for the subjectivity of each patient that suffers from it. We recognize and applaud the effort of the task force and the methodological rigor described in the article that published the new concept, which elegantly updates the understanding that the scientific community currently has about this dynamic phenomenon, pain!
Resumo
Senhor editor,
Nos últimos 41 anos a definição de dor adotada pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) e divulgada amplamente pelo mundo conceituava a dor como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma lesão tecidual real ou potencial, ou descrita nos termos de tal lesão”. Quando foi elaborada essa definição, era suficiente para abranger a dor da maneira como ela era conhecida naquele momento. Entretanto, as últimas décadas foram marcadas por um desenvolvimento tecnológico intenso e, associado a ele, um melhor entendimento das condições e dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos na nocicepção. Houve também aumento na humanização da medicina como um todo. O ser humano passou a ser olhado com a empatia e a complexidade que merece e o conceito de dor total, assim como seus aspectos multidisciplinares, ganhou espaço na comunidade médica.
Atualmente, é sabido que a dor nem sempre está relacionada a uma lesão tecidual evidente em termos histopatológicos, e que o estado emocional do paciente influencia diretamente a percepção que ele tem sobre a dor. Sendo assim, pacientes com dor crônica ou outros problemas que afetam a estabilidade psicológica podem apresentar quadros mais intensos de dor relatada. Dessa forma, cada vez mais, a comunidade médica entendeu que a percepção dolorosa é extremamente individual e altamente influenciada por fatores externos.
Diante disso, a IASP elaborou novo conceito, capaz de abraçar tudo que foi conquistado em termos de avanços tecnológicos e clínicos, para a definição de dor. Dessa forma, atualmente a dor passou a ser conceituada como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”.
Essa atualização do conceito de dor, publicada pela força tarefa da IASP em julho de 2020, e traduzida para o português pela Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), ressalta a presença de dor mesmo na ausência de lesão, por meio de um enunciado objetivo, sucinto e validado para diversos idiomas e
culturas, contemplado em uma única frase, beneficiando pesquisadores e clínicos pela delimitação do conceito a ser investigado. Embora aceita pela maioria, vários clínicos e alguns pacientes manifestaram sua insatisfação com a atualização do conceito, principalmente por meio das redes sociais. Consideramos importante destacar que a definição de dor proposta pela IASP não tem a ambição de estabelecer diagnóstico, conduzir plano de tratamento nem de prever prognóstico aos pacientes com dor. As notas que seguem ao enunciado atualizado de dor enfatizam a variabilidade da manifestação clínica da dor e os diversos componentes que compõem a dor; e evidenciam o respeito à subjetividade de cada paciente com dor. Reconhecemos e aplaudimos o esforço da força tarefa e o rigor metodológico descrito no artigo que publicou o novo conceito, que atualiza de modo elegante o entendimento que a comunidade científica tem atualmente sobre esse fenômeno dinâmico, a dor!
References
1 Raja SN, Carr DB, Cohen M, Finnerup NB, Flor H, Gibson S, et al. The revised International Association for the Study of Pain definition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain. 2020;23. doi: 10.1097/j.pain.0000000000001939. Online ahead of print.
2 https://sbed.org.br/wp-content/uploads/2020/08/Defini%C3%A7%C3%A3o-revi-sada-de-dor_3.pdf
3 Jornal Dor (Publicação da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor - Ano XVIII - 2º Trimestre de 2020 - edição 74, 11-8p.